Ademilde Fonseca entrou para a história da música brasileira como a Rainha do Choro, título recebido do instrumentista Benedito Lacerda. Nascida em 4 de março de 1921 na localidade de Pirituba, na época distrito de Macaíba e que atualmente pertence ao município de São Gonçalo do Amarante, aos quatro anos de idade foi viver com a família em Natal-RN onde morou até o início da década de 1940. Começou a cantar ainda na primeira infância, e na adolescência começou a se interessar pelas serestas.
Ademilde se casou com um desses seresteiros, Naldimar Gedeão Delfino, com quem seguiu para o Rio de Janeiro em 1941 aos 20 anos. Registrada como Ademilde Ferreira da Fonseca, adotou o sobrenome do marido até chegar ao nome artístico definitivo após a separação.
Em 1942, acompanhada pelo regional de Benedito Lacerda, interpretou o choro "Tico-Tico no Fubá" (Zequinha de Abreu) durante uma festa. O flautista gostou tanto da interpretação que tomou a iniciativa de apresentá-la aos executivos da gravadora Columbia, onde gravou seu primeiro disco naquele mesmo ano. Foi a primeira vez que o choro de Zequinha de Abreu, composto em 1917, era gravado após a morte do compositor.
Com talento reconhecido pelos chorões da época, Ademilde passou a ser procurada para gravar: em 1943, contratada pela Continental e já identificada com o gênero que a consagraria, grava os choros "Apanhei-te, cavaquinho", de Ernesto Nazareth, com letra de Darci de Oliveira e Benedito Lacerda, e "Urubu malandro" com arranjos de Lourival de Carvalho e versos de João de Barro.
Contratada pela Rádio Tupi, em 1944, passou a atuar ao lado de grupos importantes como o de Claudionor Cruz, Garoto, Waldir Azevedo, Severino Araújo, Canhoto, Jacob do Bandolim, Pixinguinha, Radamés Gnattali e maestro Chiquinho. Trabalhou por mais de dez anos na TV Tupi entre as décadas de 1940 e 50 e seus discos renderam mais de meio milhão de cópias vendidas. Além do êxito no Brasil, regravou grandes sucessos internacionais e fez temporadas internacionais.
Em 1945, gravou em ritmo de choro a polca "Rato", de Claudino da Costa e Casimiro Rocha, com participação do violonista Garoto com o conjunto Bossa Clube. No ano seguinte interpretou o choro "Sonoroso", de Del Loro e K-Ximbinho, um de seus sucessos. A consagração definitiva viria em 1950, ao gravar o clássico "Brasileirinho", de Waldir Azevedo.
Sai em turnê internacional com a Orquestra Tabajara para shows na França, em 1952, produzidos pelo jornalista e empresário Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados. A partir de 1954, na Rádio Nacional, volta a se apresentar com os regionais de famosos como Canhoto, Jacob do Bandolim e Pixinguinha.
Em 1957 ficou em terceiro lugar no concurso para a escolha da "Rainha e Rei do Rádio", e em 1958 gravou o LP "À la Miranda" com repertório de Assis Valente. Fecha o ano atuando no filme "Batedor de Carteiras", direção de Aloísio de Carvalho. Em 1959 gravau o samba "Na Baixa do Sapateiro", de Ary Barroso, e assina contrato com a Philips.
Em 1967 participou do II Festival Internacional da Canção, cantando "Fala Baixinho" de Pixinguinha e Hermínio Bello de Carvalho. Na década de 1970 apresentou-se em shows no Teatro Opinião, Rio de Janeiro, e lançou disco (em 1975) pela gravadora Top Tape - trabalho que destaca a faixa "Títulos de Nobreza", que tem também o nome de "Ademilde no Choro", um presente para a cantora potiguar da dupla João Bosco e Aldir Blanc.
Admirada no Brasil e no exterior, é procurada pela cantora japonesa Yoshimi Nakayama, que veio ao Brasil para conhecer Ademilde. Gravaram juntas e fizeram algumas apresentações no Rio.
Ingressou no conjunto As Eternas Cantoras do Rádio, ao lado de Carmélia Alves, Violeta Cavalcanti e Ellen de Lima, em 1997; e em 2001 participou do CD "Café Brasil", produzido por Rildo Hora, ao lado de nomes ilustres como Marisa Monte, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Henrique Cazes, Leila Pinheiro e o conjunto Época de Ouro.
A partir de 2004, passou a se apresentar em companhia da sua filha única Eymar Fonseca. Entre as apresentações mais marcantes destaque para os festivais do choro "Na Cadência do Choro" (Circo Voador, 2005) e "A Noite do Chorinho" (2007). Em 2008 realiza o show "De Mãe para Filha", na sala Baden Powell.
Acumulou mais de 70 anos de carreira e fez shows em dupla com a filha Eymar Fonseca até os últimos dias. Ademilde morreu no Rio de Janeiro em 27 de março de 2012, de infarto fulminante, em sua casa no Rio de Janeiro, poucos dias depois de completar 91 anos. “Ela teve um mal súbito ontem. Não estava doente, foi algo completamente inesperado. Ainda estamos em choque", declarou na ocasião a neta Ana Cristina.